Quando a designer
Vanessa Destri, de 24 anos, encomendou um naked cake — bolo nu, sem cobertura
de pasta americana ou fondant —, os confeiteiros Carlos e Rosângela Garcia, o
tradicional Casal Garcia, estranharam a novidade, relutaram um pouco e alegaram
que os andares de pão de ló poderiam desmoronar no meio do casório. Vanessa
bateu o pé e os convenceu: em novembro passado, o naked cake com farto recheio
de geleia de morango e ganache de chocolate preto foi a estrela da mesa de
doces — e permaneceu em pé até a hora de os noivos cortarem.
— Queríamos um bolo
que desse vontade de comer — conta a designer. — O nosso casamento foi decorado
como se estivéssemos recebendo em
casa. E o naked cake tem cara de bolo da vovó.
Depois de fazer o primeiro
bolo desconstruído, o Casal Garcia começou a receber encomendas de naked cakes:
para o primeiro semestre, farão pelo menos quatro.
Os bolos pelados
começaram a virar uma febre nos casórios diurnos realizados nos Estados Unidos
e na Inglaterra ano passado e, aos poucos, conquistam espaço nas mesas
brasileiras.
— Assim como casar
durante o dia está cada vez mais comum por aqui, o naked cake está ficando
popular entre as noivas mais criativas — observa a blogueira Manoela Cesar, do
Colher de Chá Noivas, que acabou de postar a receita de um bolo sem cobertura
que fez para a festa de aniversário de dois anos do filho. — Se eu fosse casar
hoje, com certeza faria um naked cake.
O bolo nu combina
com casamentos na serra, na praia e com garden weddings na cidade. Ou seja, em
ambientes que tenham a proposta de decoração mais rústica.
— Raramente um bolo
pelado vai aparecer nos salões do Copacabana Palace, ele não combina com noivas
tradicionais — afirma a confeiteira Ana Salinas, que em novembro recebeu prêmio
por um bolo de casamento convencional em Londres.
Ana observa que a
febre do naked cake vem por resgatar a ideia do bolo como sobremesa da festa de
casamento:
— O foco na
decoração do bolo hoje é tão grande que virou comum os profissionais trabalharem
com andares falsos para dar destaque à decoração e suporte à cobertura. Por ser
mais apetitoso, o naked cake sugere o bolo como sobremesa.
As noivas contam
que não sobra uma fatia. O doce incita o paladar dos convidados com os
generosos recheios de brigadeiro branco, brigadeiro preto e frutas vermelhas
saindo entre as camadas. Para decorar, mais frutas vermelhas ou rosas naturais.
— Para o recheio
ficar propositalmente para fora, sobrando, é preciso fazer um creme mais
consistente, à base de baunilha — explica a confeiteira Sonia Lira, que prefere
usar massa tradicional a pão de ló para garantir a sustentação. — Para garantir
uma composição mais bonita, o naked cake deve ter no mínimo três andares.
A noiva Maíra
Alencar, de 29 anos, teve um triplo naked cake como manda o figurino. Mas, em
setembro passado, passou por dificuldades para encontrar uma confeiteira aberta
à nova proposta no Rio. Na primeira tentativa de solicitar um orçamento, ela
levou um balde de água fria da doceira: “Maíra, querida, por que você escolheu
uma coisa tão feia? Parece comida de piquenique. Fazemos tudo o que a noiva
quer ainda que não concordemos com o mau gosto”, respondeu uma renomada
confeiteira, por email. Não foi a única negativa. “O problema não é fazer o
bolo sem a cobertura, é saber se as pessoas vão entender o perfil da sua
festa”, disse outra.
— Não queria ter
bolo nenhum, pois nunca como bolo em casamento. Mas a minha mãe insistiu e resolvi
que, se fosse para ter bolo, era para ser diferente. Mesmo sabendo que a minha
ideia era “inovadora”, fiquei chocada com a resposta das boleiras — lembra Maíra.
— Separei várias referências em sites gringos e não desisti de encontrar uma
confeiteira com a cabeça mais aberta. Achei a Marcelina Sedano, que fez um bolo
lindo e gostoso: não sobrou uma fatia para contar história.
Abaixo mais alguns modelos:
Fonte: http://ela.oglobo.globo.com/
Imagens: Internet
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